Queria te mandar uma poesia, mas não achei nenhuma que se parecesse com você.
Nenhuma tinha estes olhos ternos, céus em dias claros, mares ao crepúsculo da manhã.
Nenhuma tinha estes cabelos de fios cor do trigo ondulando à luz do sol.
Nenhuma tinha a candura das tuas mãos, o perfil delgado dos teus dedos, a fome do toque.
Em nenhuma poesia encontrei o teu abraço que me enlaçava ternamente como gota azul do oceano.
Nenhuma tinha o convite do teu colo.
Nenhuma tinha a maciez da tua pele, rosa branca, lírio em flor.
Nenhuma tinha este sangue rubro no qual teus lábios se expressam.
Nenhuma trouxe o silêncio do contorno dos teus lábios em sussurro.
Nenhuma sabia sorrir como você sorria pra mim.
Nenhuma falava as palavras que me dizias e com as quais ainda faço os caminhos dos meus sonhos.
Nenhuma soava como soa tua voz quando dizes "felicidade".
Nenhuma trazia as letras do teu nome onde amanhecem os meus dias.
Nenhuma tinha a fragrância nua do teu corpo úmido de desejo.
Nenhuma tinha o arfar dos teus níveos seios durante o amor... corolas aveludadas, círculos de chamas.
Nenhuma tinha versos que se despissem como despe-se o teu corpo.
Nenhuma era saudade como são os beijos teus.
Nenhuma tinha esta agonia de liberdade que a tua alma tem.
Nenhuma sabia da dor que você socorre.
Nenhuma tinha o ritmo dos teus passos quando caminhas na areia da praia.
Nenhuma poesia, nenhuma...
não achei nenhuma poesia que pudesse te dar nesta noite.
Só achei estas palavras que o vento, em meio ao canto de um pássaro, sussurrou ao meu ouvido.
E estas palavras são tudo que tenho para te ofertar esta noite...
Poesia... não achei.