Vejo nos teus olhos tanta tristeza
Que os meus se afundam em delírios,
Suntuosos prantos que formaram rios
Se indo para mares de infindas grandezas.
Faz ser criança o meu ser, o teu sorriso;
A tua inocência me traz contento e satisfação;
A candura que brota de ti acoberta meu espírito
Numa manta que acalanta o meu pulsante coração.
Meu pulsante coração...
Um marinheiro em águas bravias
Contra a correnteza , olhos ao poente,
Sem se sequer saber se a sua frente
Vem descortinar a morte ou maravilhas.
Descortinar a morte ou maravilhas
De preferência num dia azul e a tarde
Quando o vento sopra , o cão faz alarde
E o sonhos-pássaros se vão a milhas e milhas...
E milhas e milhas...
Numa velocidade um tanto lenta e mansa
Singrando o céu com minhas poderosas quilhas
Recortando horizontes repletos de manchas
Sobrevoando casas feitas de argilas
Com minhas antenas numerosas
E minhas chinelas argentinas
Por nuvens pratas e cor de rosas
Ave de sonhos pela esfera azulina.
O que seria a morte então? Uma dádiva
Vinda diretamente dos recantos do céu
Para aquele que melhor viveu ou não a vida?
Ou seria apenas o final de uma estrada comprida
Onde os vestígios passados a uma Eurídice não se equivaleria
Para que os olhos sedentos de um sol não olhassem para
Trás?
Se não faz sentindo, tanto fez ou tanto ou faz.
Olho vivo, faro fino, cautela e caldo de galinha,
Uma dança flamenga ou nordestina...
Jesus cristo ou Barrabás?
Viveu ou não a vida...
Sempre escolhas se tem.
Depende de como se diferencia o que é Mal ou Bem.
Saber onde começa uma tarefa térrea
E o que determina o que é uma divina.
Gyl Ferrys