A vida
não é o que ela é:
ela é
o que fazemos dela.
Quero a prudência
que é a coragem astuta
que conhece seus riscos.
Quero a loucura
que é a prudência foragida
que corre quando se tem de correr.
A vida que vemos
não é a vida que a vida é:
ela é
a vida que nos fazemos ver.
Quero a aptidão
que destroça a ciência
que coroa de begônias a arte.
Quero a solução
que é imensa interrogação
que desbanca todo teorema caduco.
A vida que sentimos
não é a sensação que ela é:
ela é
o sentimento que nos fazemos sentir.
Quero a disposição
que dá ao caos criatividade
que impõe ilusão à toda verdade.
Quero a malícia
que é silente intimidade
que destroça todo medo de uivar.
A vida
não é o que ela é:
mas sim
e somente
aquilo brilhante ou opaco
que façamos com que ela seja.