Caminho caminhos sem volta,
não sei de mim, quem eu sou,
não encontro nenhuma porta,
para descobrir ao que vou.
Noites e dias são-me iguais,
no seu parecer no seu contido.
E as vidas são tão desiguais,
que eu me sinto aqui perdido.
Eu costumava mudar o mundo,
de pés assentes na Terra ágil,
mas agora, tudo, tudo é imundo,
e eu que sinto-me tão frágil.
Pedintes que na rua falam
pedem-me benesses e ajuda;
conquanto eles logo calam:
cai uma chuva bem miúda.
Tal como eles não sei de mim,
ando pela cidade esquecido.
E esta vida foge-me assim,
comigo sem ter um abrigo.
Nas minhas noites escuras
procuro em vão quem sou,
absinto de maçãs maduras,
garrafa, que logo esvaziou.
Acendo o cigarro e o fumo
- o cinzeiro está apagado -,
vou na vida sem ter prumo,
sinto-me aqui esgotado.
Vem amor me socorrer,
não aguento mais o desafio.
Vem; antes de me perder,
estou na beira de um fio.
Só teu amor me descansa
a tua presença me contém,
vem, amor meu, vem,
e, sejamos, mais além.
Jorge Humberto
13/05/11