Espero as palavras que não chegam.
Espero o passado que caminha, irresoluto, cada vez para mais longe.
Espero a Alma infrangível que não vem e que encobre a voz tergiversável do que sinto.
Espero o silêncio cego que vem dizendo, murmurante, velhas histórias, enredados medos.
Aguardo, no tilintar dos pequeninos passos do tempo, o instante em que o amor repousasse as suas lágrimas tenras nos olhos inquietos da saudade.
Aguardo, atento aos sons que o ar evoca, o dissipar desta angústia que me perpassa lenta e longamente.
Espero a vida e seus caminhos sós e seus sonhos sincréticos a desvelarem a ternura dispersa no tempo.
Enquanto espero olho o momento que estremece.
Soa ao longe o pulsar constante e arrítmico da vida.
Ecoa nos meus lábios contritos o segredo nostálgico do teu nome.
Chove...
A chuva cai sarapintando de gotas fosforescentes a face dócil da noite.
Flores ondulam levemente ao remanso que a chuva inventa.
Espero...
Espero as palavras que não vazam.
As palavras que não irrompem.
As palavras cálidas e ternas que se esconderiam em algum lugar de ti.
Espero as palavras intrínsecas que diriam: "vem!!! ...eu também te amo".