ontem, após o jantar, troquei tudo por um lugar no meu sofá em frente ao televisor. queria ver o homem que governou o meu país nos últimos seis anos em disputa directa com um elemento da oposição. abriram a porta ao diálogo.
fiquei maravilhado, pois foram tantas as descobertas que me ofereceram e de uma forma fantástica que dei por mim a pensar que tenho andado distraído nestes últimos seis anos. descobri que sou um dos culpados por o país estar no estado em que está, pouco culpado, mas culpado. também descobri, que como eu e piores, muito piores, são um rol deles. é o padeiro, o agente da polícia e o empregado do café. é o piloto, o merceeiro e o mecânico. ah! e é o futebolista, o treinador e o motorista. todos somos culpados excepto uma equipa de governação que, ano após ano, deu tudo de si para o bem deste cantinho da europa. mas, na boca de alguém, devíamos voltar a dar mais uma oportunidade a quem governou. porque não? afinal, tudo tentaram para não chegarmos ao que chegamos. deram o seu melhor.
a dívida explodiu em flecha? calma, que a oposição não soube sê-la.
somos gozados pelos políticos da europa? calma, que eles não sabem do que falam.
estamos financeiramente dependentes de terceiros? calma, que fizemos um grande acordo. vamos ter muitas dificuldades no próximo ano) calma, que este ano está tudo controlado. e tudo anda, volta na volta, a passear de um tal “pack” ou “peck” que foi identificado com o meu número preferido: 4.
o raio do homem é do outro mundo! do mundo da demagogia!
e nós, já sem alma, mas com calma, lá vamos assistindo a este tipo de espectáculos na televisão e vamos percebendo, aos poucos, que estivemos em transição de um mundo para o outro e que nenhum deles conhecemos. nenhum desses dois mundos nem nenhum dos homens, seja o governante ou candidato, que habitam naquele corpo tão igual ao mais comum dos mortais.
mas verdade, verdadinha, aquele homem é, de facto, do outro mundo!
eduardo montepuez