Depois de um milhão de guerras, depois de Vênus e Marte, depois da lua ser e não ser minha terra, depois dos fios do novelo acabarem, depois.
Depois de nascer e morrer depois das estrelas explodirem, depois de estar suspensa num tempo que não era tempo e do espaço parir, depois de fugir e de olhar a balança pesar. depois.
Depois de ter mordido a serpente, depois de ter ficado cega e muda, depois de ter encontrado o meu rosto em outra galáxia, depois.
Depois deste silêncio que antecedeu a palavra primordial, depois de ter vestido o meu corpo de vento e veneno, depois do céu ser tão grande e tão pequeno, depois.
Depois da eternidade ter tatuado a palma da minha mão cheia de dor e calos, depois deste intervalo entre o que foi e o que sempre vai ser, depois.
Depois, muito depois de nós dois, eu ainda te amo.
Depois de nós dois, eu ainda vivo.
Depois de nós dois, tudo perdeu o agora, tudo se chama depois.