Poemas : 

AUTO-RELATO

 
AUTO-RELATO

Quando eu sou eu mesma,
arranco os olhos
para sangrar
e sentir
a
melhor dor.

Fico parada
e
o céu
morre
dentro de
mim com tanta
graça e exaustão.

Quando eu
sou um pouco de mim,
os pés não estão plantados
no chão, nem estão no ar.
As mãos estão na boca
e
toda metáfora
está muda
ou
louca.

Sinto
as árvores,
as aranhas,
as maçãs,
as pedras,
as águas
transbordando
as mágoas

Afogo-me
em mares
desequilibrados
e quando alguém
resgata
o meu corpo,
meu desespero
está mais maduro
e abençoado.

Quando
eu
sou
o meu próprio
alter-ego,
nego
e
me renego
três vezes
antes do galo
cantar.

E quando
volto para o meu lugar,
fico um pouco
mais coisa,
um pouco mais folha,
um pouco (mais?!)
menor
enquanto
a vida boceja
cheia de olheiras
e dó.

Karla Bardanza


 
Autor
Karla Bardanza
 
Texto
Data
Leituras
1310
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 08/05/2011 12:42  Atualizado: 08/05/2011 12:42
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: AUTO-RELATO
Karlinha,
Um verdadeiro show de poesia.
Beijinhos
Nanda


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 08/05/2011 22:33  Atualizado: 08/05/2011 22:33
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: AUTO-RELATO
pintas um mim profundamente. bjs e obrigada