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Poemas -> Surrealistas : 

O sexo morto das virgens

 
O sexo morto das virgens.
O desejo que se hasteia nos jardins da volúpia.
O grito herético da sereia moribunda.

Imagens difusas, que me viajam a alma,
incomportadas.
Figurações que me maculam o Sol que já se apaga
no esconso desvão de ser palavra,
do verbo que se explode rubro
e se reflecte no manto emagrecido desta hora.

A música. A música divina do som da tua voz,
eleva-se para além dos Montes Olímpios,
mescla-se com a dor de dedos rasgados,
em urdidura de louros no teu colo de vertigens.

Insandeço.
Tropeço nas horas vivas como se fossem pedras soltas.
O corpo rebusca arreios nas margens imprecisas dos dias,
e, sem êxito, mergulha em chamas nas noites gélidas de frias.

Mordo momentos em que Solstícios breves
refervem em glosas de solidão.

Invento, rebusco afectos em plátanos apodrecidos,
conspurcados em nódoas de limos verdes,
de verdes desmaiados, esvanecidos.

Abraço-os em rendas, em noite de lua cheia.

Com sedas e tules teço enredos, tramas d’alinhados,
redes cruzadas de pernas e de braços,
quando, amado, lá fora e aqui, a Natureza se derrama
em ácidas chuvas, diluvianas e,
na demência, acredito que são somente clarividências d’águas!

MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
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Mel de Carvalho
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Epístola quase lírica à poeta Mel de Carvalho
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Carla Costeira
Publicado: 27/09/2007 16:21  Atualizado: 27/09/2007 16:21
Colaborador
Usuário desde: 16/02/2007
Localidade: Sintra
Mensagens: 918
 Re: O sexo morto das virgens
E como é gostoso ler um poema teu!

Bjs amiga

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/09/2007 16:27  Atualizado: 27/09/2007 16:27
 Re: O sexo morto das virgens
Que coisa mais estranha, mas gostei de ler esse teu poema.

Enviado por Tópico
Cõllybry
Publicado: 27/09/2007 16:30  Atualizado: 27/09/2007 16:30
Colaborador
Usuário desde: 01/04/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 589
 Re: O sexo morto das virgens
Intenso como sempre...

Doce beijo

Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 27/09/2007 16:33  Atualizado: 27/09/2007 16:33
Administrador
Usuário desde: 15/02/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3764
 Re: O sexo morto das virgens
tropeço...confesso não conseguir desnudar.

beijo*

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/09/2007 16:42  Atualizado: 27/09/2007 16:42
 Re: O sexo morto das virgens
Simplesmente belo, o simplesmente é algo de soberbo...
beijo
ConceiçãoB

Enviado por Tópico
rosamaria
Publicado: 27/09/2007 18:35  Atualizado: 27/09/2007 20:26
Colaborador
Usuário desde: 10/09/2006
Localidade: Mindelo - Vila do Conde
Mensagens: 1016
 Re: O sexo morto das virgens
Olá Mel
Ok. Eu confesso publicamente.... eu leio os teus poemas uma, duas três vezes... e gosto tanto...mas fica-me o sabor a pouco, porque muitas vezes não os compreendo.... tão densos, tão complexos... é defeito meu amiga.
Publicamente está dito.
beijinhos
tua fã
rosamaria

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 27/09/2007 20:12  Atualizado: 27/09/2007 20:12
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4047
 Re: O sexo morto das virgens
Este está bom, demais...

Bjs

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/09/2007 22:46  Atualizado: 27/09/2007 22:46
 Re: O sexo morto das virgens p/ Mel de Carvalho
Lí muitas vezes este poema. Faltava as palavras,para te comentar.Pois elas estão aí numa urdidura de profundas emoções. Essas que nos arremessam, de corpos frágeis, na areia das praias...
"Insandeço.
Tropeço nas horas vivas como se fossem pedras soltas.
O corpo rebusca arreios nas margens imprecisas dos dias,
e, sem êxito, mergulha em chamas nas noites gélidas e frias..."
Como eu te entendo, poetisa!

É honra te ler!
Beijo,

Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 30/09/2007 10:11  Atualizado: 30/09/2007 10:11
Colaborador
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa/Peniche
Mensagens: 1562
 Re: O sexo morto das virgens p/ tds os amigos
Uma vez mais e sempre, muito, muito grata, pelo estimulo das vossas palavras.

Rosita, como já tive oportunidade de te dizer pessoalmente, minha amiga, não me "entenderes" não me é estranho... nem eu me entendo!

Abraços enormes
Mel

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