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Dois de mim

 
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Da janela do consultório
Vejo os prédios do Recife
Tudo simétrico e ilusório
Como eu na superfície

Mas há duas pessoas em mim
Vivendo em aberta discórdia
Uma sempre dizendo sim
Quando a outra não concorda

A máscara para os outros
Sentinela da boa aparência
Vive na razão e na ciência
Encobrindo o seu oposto

No profundo, o obscuro
Que ninguém entenderia
Não encontra o que procuro
A paz que me salvaria

Esse outro dentro de mim
Crê ver o que se esconde
Entendendo-se um serafim
Nem lhe posso dar um nome

Por ele vejo um mundo
Que só existe na imaginação
Mas o outro o faz de mudo
E guardo o segredo então

Com esquisita propedêutica
Ensina mistérios inexistentes
Mas o lógico tem em mente
O poder da farmacêutica

Uma dose, uma trégua
Para o embate uma parada
Levo a vida por essa regra
Com a alma fragmentada


Rodolfo G. Neves

 
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Perseus
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Enviado por Tópico
Virgínia
Publicado: 07/05/2011 18:08  Atualizado: 07/05/2011 18:08
Muito Participativo
Usuário desde: 21/04/2011
Localidade:
Mensagens: 95
 Re: Dois de mim
Ah as deliciosas contradições da vida humana...
Parabéns pelo poema.
Beijo


Enviado por Tópico
Nanda_Vamp
Publicado: 31/05/2011 18:18  Atualizado: 31/05/2011 18:18
Colaborador
Usuário desde: 03/06/2010
Localidade: Brasil / Minas Gerais
Mensagens: 545
 Re: Dois de mim
Nossa, gostei muito do que li... Acho muito interessante poemas que falam de duas personalidades em um corpo só.

Parabéns!

Abraços,

Nanda