NOVA FAINA
Alcateia de ruas
nas fugidias noites dos sentidos
os velhos mareantes amigos
bulindo sons de velas puras
na mesa do vento lento
a deusa nua está perto
sereia urbana em rio desperto
ri e chora no meu lamento
percorro sem saber da seiva matinal
o ruído curvo do céu desfeito
da deusa o quente ventre inicial
no lençol abrasante do meu leito
mulheres amantes de deuses não pensados
outrora luas agitando guitarras
dedilho o som longo ao longo das amarras
cimitaras de guerras em olhos amados
e os lobos percorrem as vielas da noite
já sem ruas e mareantes
a sereia fugidia abraça o rio
e queda no bulício dos amantes
deixando-me liberto de sentidos.
É tempo de nova faina...
FERNANDO MANUEL PEREIRA
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