Dedicado a Ayrton Senna(1960-1994)
Tu sempre viveste no limite.
Soubeste ser sempre inspiração;
No volante foste dinamite
E na vida foste um campeão.
Mas às vezes é injusta a vida
E oferece os mais valorosos
À morte, essa dama frígida,
Mesmo aqueles poucos anosos.
Os que, tal como tu, fazem tudo
P’ra alcançar a imortalidade
E deixam num suspiro mudo,
Dado p’los amigos. A saudade,
A tristeza, as lágrimas, prantos
De dor e teus admiradores
Chorando espalhados p’los cantos
Homenagearam-te com mil flores,
De todas as cores e feitios;
Dizem-te adeus da berma da ‘strada.
Param carros, aviões, navios.
Tudoparam na berma da ‘strada.
Morreu o herói daquele país,
A trezentos horários bateu,
Num, de concreto, muro embateu,
Para alegrar as emoções vis
Dos amantes do veloz desporto
Que pedem que sejam mais rápidos
Os carros, e sejam esquecidos
Os pilotos. Por isso ‘stá morto
O rei dos reis. O único herói
Que, saindo dum país de pobres,
Viveu num reinado dos mais nobres,
Mas hoje é a saudade que mais dói.
E para homenageá-lo parou
Todo um país, parou todo o mundo.
Co’um mudo grito vindo do fundo
Num lugar especial o enterrou.
No seio daquela verde terra,
Bem no centro do cemitério
Um país o herói enterra.
Então num choro doentio
Todos, um a um, naquela campa
Depositam uma bonita flor,
Escolhida co’o mais puro amor
Numa florista, rua ou rampa…
Adeus campeão. Adeus oh! Senna.
Conseguiste a imortalidade,
Uma nova vida, mais serena.
Muito mais calma, na astral cidade.
Não serás apagado p’lo tempo;
Não sofrerás d’ esquecimento;
Serás como um anjo de glória
Que existirá a todo o momento.
Serás um novo ‘spirito guia
Para todos nós, Ayrton Senna.
Tua alma que jamais foi pequena
Jamais será apagada p’lo tempo.
17.01.1995