Poemas : 

O ponteiro avança e eu sei o que me espera

 
O ponteiro avança e eu sei o que me espera:
A corda que me vai queimar o pescoço e a vida.
Eu já não sinto, perdi a vontade há muito.
O dia foi terrível e vi acabar tudo,
Tudo partiu das minhas mãos sedentas por sangue.
Agora? Estou aqui, encurralado nesta jaula
Sabendo pela primeira vez o meu futuro.

A porta abriu-se e eu saí, empurrado e enxovalhado.
Já não sou humano para os Olhos, sou uma criatura
Que criou a morte e o terror.
Eu? Vi tudo e estou debaixo de um rochedo,
Esmagado pelo arrependimento e o amor perdido.

Duas vidas foram e eu fiquei para viver o futuro certo.
Não digo que não sou merecedor, pois sou,
O julgamento é que causa impressão nojenta.
Vivi e olhei e lutei contra a vontade devastadora.
O sangue escorreu e eu só o vi depois.
Já sinto as brasas da corda…
Amei mas não o soube.

 
Autor
FellipeMesgo
 
Texto
Data
Leituras
940
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Ricardo_Barras
Publicado: 30/04/2011 22:14  Atualizado: 30/04/2011 22:14
Da casa!
Usuário desde: 03/04/2011
Localidade: Lisboa, Portugal
Mensagens: 387
 Re: O ponteiro avança e eu sei o que me espera
Caro Felipe,

Por vezes, deparamo-nos com "coisas" sobre as quais nada sabemos dizer, até com medo que a nossa tentativa de opinação seja mal entendida por quem nos lê.

Assim: gostei muito do seu poema. Gostei imensamente da forma como explora as imagens e a textura que faz sentir em quem lê... "já sinto as brasas da corda/ amei mas não o soube" ... tais versos para mim, apesar de não me chegarem, sou uma fecho de platina para o poema que compôs.

Bravo!

Abraços, Ricardo