O silêncio da voz inexistente
Engolido pelo mar ao som do anoitecer
Num futuro que nos revela o presente
No eterno adormecer
Regozijo de uma paz falsa
Intercalada por dúvidas certas
Das pisadas de que as calca
Nas paragens incertas
Eu me confundo
Eu me desmando
Entre o ópio do mundo
Mascarado de promessas
Me prostituo aos senhores
Do poder sem valor
Na recusa de me oferecer
Entre causas perdidas
Onde tudo me anoitece
Como novo recorrer
De um círculo
Escravo no que escrevo
Perdido ao ser reconhecido
Pelo intransigente
Falhando em cada propósito
Em que a liberdade me negou
Como filho pródigo
Eu me envergonho do mundo
Sem o mundo se poder envergonhar de mim
No amor que me abraçou
De viver assim
No vómito da hipocrisia
entre o silêncio da voz inexistente