Não sei porque faço deste dia
um instante a sós!
Lavo os meus pés
com lágrimas
que me caem do rosto
e seco-os
com as penas aninhadas
à dor da minh'Alma.
Meu corpo cingido
d'um pano de linho
treme no frio da madrugada,
meu olhar caiu,
o peso inclinou-o ao chão,
meu toque sumiu.
Secaram meus lábios,
enrrugousse-me o rosto,
pálida está minha face,
livida minha mão,
meu coração galopa
ao encontro de um fim!
Ao menos se tu chegasses
de onde não sei,
se eu visse teu rosto,
tocasse teu corpo,
beijasse teus lábios...
Despertaria enfim
deste sono distante da Vida
e cairia a mascara nefasta
que se colou ao rosto
da minh'Alma...
RICARDO LOURO
Ricardo Maria Louro