Mais uma vez estou sozinho num mundo tão vasto,
Estou abandonado, perdido, esquecido, por entre esta imensidão,
Sinto-me como mero objecto, mentira, nem sequer me sinto,
Eu que em tempos me congratulei por deter tanta paixão,
Eu que hoje me prostro perante o meu destino tão nefasto.
Demência, é isso que me corrói o corpo e me consome a alma,
A sensação (será que sinto?) de que de nada serva a minha existência,
As lágrimas que antes me escorriam pela face, passadas,
Os gritos inaudíveis que clamei na escuridão da minha inconsciência,
A poesia que justificou toda a dor, a poesia que simulou toda a calma.
E eu culpo a demência por tudo àquilo a que me conduzi,
Culpo-a pela expressão fria e inumana que hoje transpareço,
Culpo-a pela minha solidão na qual eternamente padeço,
Culpei-a pela vida, esta que agora finalmente perdi…