Ficou apenas o silêncio, nada mais havia para discutir.
As palavras ditas, deixaram de fazer sentido e tudo o que ficou por dizer, foi apagado pelo desconcertante olhar da agonia.
Os medos não resistiram e os gestos sinceros, diluíram-se em pensamentos bloqueados.
Por agora, permanece apenas a incerteza de que tudo, possa ter sido pouco mais que um desabafo, mas o que mais magoa é que nem tudo ficou entre nós.
Os sentimentos expressos foram tombando, como a areia fina da praia, por entre os dedos das nossas mãos.
O silêncio que se deveria ter mantido, era agora disfarçado como desenhos nas rochas, as mesmas, que por ondas severas desistiram de ser evidentes.
-Não tenhas medo.
-Não é isso que eu sinto.
-Então porque foges?
-Porque, não tenho nada a perder.
Manuel Rodrigues