De repente, num instante, a cor é outra
Acordam os rasgos e as tiras da roda colorida da vida
Saltam à nossa frente os sustentos da leveza eminente
Mas, de repente, num instante... Sofre a gente!
Amaldiçoam-se os defeitos, fazem-se reparos aos outros
Sobram poucos!... Quase nenhuns, quase ninguém!
Porém, de repente, num instante, emano os poderes do além,
essa energia crescente e flamejante - o meu sol circundante
Acalmo.
As ondas sussurram na areia d´ouro finas melancolias
Embaladas na foz do rio
Ao largo passam as frotas de navios em desespero
Alma minha gentil, voltaste de repente!
Num instante sou corpo, sou gente, sou alguém!
Montanhas nevadas, trenós galopantes, cavalos com asas,
memórias distantes, num instante
Recuso e acuso.
Se invoco, me impeço de haver um começo
De ter um curso - regato rendido às portas da vida
Mas, de repente alguém bate - Sou gente!
Alexandre Reis (X)