Tenho dito e escrito, que à nascença é nos dado o destino , o caminho que temos a percorrer, a nossa maneira de ser, a nossa maneira de amar e de ser amado, a felicidade ou a infelicidade, ter possibilidades ou não ter possibilidades de vingar na nossa vida social. Para mim e ninguém é obrigado a estar de acordo comigo, é o destino e o nosso destino não se pode mudar. Há quem diga que sim, que podemos fazer o destino tomar uma outra direcção, basta para isso nos batermos para o conseguir.
Partimos do principio que si, que podemos mudar o destino que nos foi reservado, é verdade que podemos e se o conseguirmos é porque o nosso destino era esse que depois fazemos mudar.
Dirão os filósofos, que não tenho razão e quem sou eu para os contrariar? Claro que não, não tenho bagagem para os contrariar, mas não creio que tenham razão.
Tudo o que nos acontece na vida, está previsto pelo nosso destino. Posso contar uma história nada agradável que se passou comigo.
Já lá vão uns largos anos, o meu vélhinho Sacavenense foi jogar a Sintra um jogo muito importante para a subida de divisão. Sacavém em peso deslocou-se em vários tipos de transporte. Autocarros eram onze e eu reservei o meu lugar num desses autocarros, lugar numerado.
Acontece que, um dos jogadores do clube ia com a namorada, mas ele tinha lugar num autocarro e ela noutro. Chegou ao meu conhecimento que ele gostava, o que é normal, ir ao lado da namorada e então ofereci-me para ocupar o lugar dele no outro autocarro e ele veio se sentar no lugar que eu tinha reservado.
Fez-me prazer os ter ajudado. Parimos para Sintra, correu tudo bem menos o resultado pois que perdemos. Claro, o jogo acabado, voltámos para Sacavém e eu adormeci sentado no banco de trás.
De repente acordei com um barulho enorme, alguém na rua aproveitando a marcha lenta do autocarro dentre da vila, roubou uma bandeira do clube a um garoto que a trazia à janela. O pai nada contente pediu ao condutor para parar para poder recuperar a bandeira. O problema, é que aquilo deu uma grande zaragata. A pessoa em questão estava acompanhado e era de Lisboa , ninguém o conhecia, e o resultado é que o homem foi parar ao hospital.
Um garoto muito conhecido pelos diabruras nadas sãs que praticava, apresentou-se ao pé de mim a dizer que tinha uma gabardina e que não sabia de quem era e que a levava para casa.
Eu, em bom samaritano, disse-lhe que não, que me desse a gabardina e eu me encarregaria de encontrar o dono e disse a vários dos passageiros que eu tinha uma gabardina se alguém soubesse a quem ela pertencia que viesse a minha casa, mas tinha a intenção de no dia seguinte a entregar no posto da GNR.
Assim fiz, fui ao posto e para me agradecerem, meteram-me no calaboiço durante duas horas até o comandante chegar.
Subi logo ali um interrogatório, e voltei para casa
Claro, o assunto foi parar à Policia Judiciária de Lisboa visto que a vitima tinha o maxilar fracturado e a PJ procurava o ou os agressores. Todos os passageiros foram chamados para interrogatório, pouco a pouco iam eliminando alguns e esta história durou mais de ano, com dias de trabalho perdido e o problema era que eu tinha a gabardina.
Lá consegui convencer o garoto a contar a verdade o que ele fez, mas tive muitas dificuldades a me libertar desse problema e a PJ nunca conseguiu saber quem foram os agressores.
Com isto o que quero dizer? Quero que o meu destino estava marcado e por isso mudei de autocarro, e tive problemas, mas era na verdade o que me estava destinado, se não fosse assim não teria mudado de carro.
Vem isto a propósito da simpatia ou do amor que o destino decidiu de me premiar, mas os sentimentos de certas pessoas que se dizem ou diziam meus amigos, ficou hoje demonstrado.
Nem uma palavra de conforto, é triste, mas o destino quer que assim seja. Eu sou feliz por ajudar as pessoas que estão com dificuldades anímicas, que o stress as invadiu, tudo faço por lhes transmitir os meus sentimentos e as ajudar, mas claro, é o meu destino, e cada um tem o seu e a sua maneira de ser.
A. da fonseca