Toquezinha era uma flor amarela. O amarelo vestia a palidez. A palidez era uma reacção alérgica.
A alergia vinha da sua prima. A prima namorava com um padeiro. O padeiro fazia da massa o seu escape. O escape era de alumínio luz. E a luz estava sempre apagada naquela casa. A casa era habitada por um noctâmbulo.
Toquezinha vivia em silêncio. O silêncio era a decoração dos olhos de um marinheiro.
O marinheiro era um ausente coercivo. E o mar um amigo das horas de ambos. Toquezinha, flor amarela, tinha um segredo. Um segredo não se partilha. A partilha era um marinheiro. Um mar desenlaço. Treta! Treta era a vida do amarelo.
Os calções da palidez. Treta eram as palavras dos silêncios plantados na terra. E a massa amarrotada vestia as mãos desse trabalhador das luas. Lua. Luar. Luar é o princípio desse olhar verde-esmeralda, vestido de esperança, que em segredo sonha. Os segredos não se partilham, as flores não falam e as cores não se vestem… Amanhã outra lua vai desaguar nesse olhar que morre aos poucos e os tempos, já acorrentados ao passado, farão um livro de contos por inventar.
Toquezinha é uma personagem, principal, inventada e que mora no sótão do bolso da minha camisola amarela de Inverno. No roupeiro há mais histórias à espera de serem libertadas…