Não foi por haver mal ou pragas
Não, não foi por me deixar embalar
Pelos ruídos de riscar de lápis
Dos meninos, nas paredes
Nem por me terem injectado inibições
Não, não foi por sonhar
O longe, longe infinito de ambições
Nem pelo nojo
Do beijar de moscas peçonhentas
Não, não foi pela impotência de arrancar
Variados círculos coloridos
Da paisagem na manhã cinzenta
Nem pelo medo ou cobardia
De enfrentar babas brancas de bocas
Com sinais de fúria
Não, não foi por pressentir
Em cada ser um inimigo
Nem pelo entendimento vago
De saber a morte
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Que tirei de mim
Toda a vontade de florir certezas
Toda a vontade de albergar
Mergulhos de amores de coração no sangue
Toda a vontade de ser ou querer ser
o que os outros são
Toda a vontade de alcançar
seja em que for a perfeição
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Mas porque amar o corpo
Não traz o desalento de sofrer
E o que é real e é directo
Não tem o condão do sonho
Que é o de engarrafar desilusão
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