Às vezes fico a olhar a estrada. Parece que a ouço me dizer:
“Vem! Vem! Prossiga-me! Sou larga, espaçosa e não tenho fim... Diga-me, para onde quer ir? Posso levá-la a vários lugares!
Vem! Deixa de ter tanto medo. Não se acovarde! Não espere pelo amanhã. Pode ser tarde!
Vá, diga-me logo para onde quer ir. Você tem o direito de escolher! Vamos, tome logo uma atitude! E deixe de me olhar com tanto desejo e ao mesmo tempo medo!
Vem, que eu posso levá-la a qualquer a qualquer lugar que queira estar!...”
Volto outra vez à realidade e fico a pensar:
“Como queria ouvir o seu chamar... Mas as minhas pernas tremem só de pensar: como é longo o caminhar! Sou medrosa, sou frágil! Estou confusa, não sei por qual estrada caminhar! Fico dando voltas e não saio do lugar!
Ah, estrada!... Te olhar é fácil, mas para te percorrer é preciso ter muita coragem! Às vezes você nos leva, mas também pode nos trazer de volta! Como você me seduz e provoca!
Ah, estrada! Espero um dia te dar a resposta...”