À sombra da oliveira,
Celebro a minha festa final.
Há vinho e dois copos
Seguros pela firmeza da mão.
Entrelaçam-se as mãos
Em curtos e variados focos.
Nossas mãos são cobras venenosas,
Ofuscando as doçuras que dizemos.
Disse ao ouvido uma qualquer coisa,
E seguiu-se a condescendência
Do sorriso que hoje perdemos.
Brindamos não a sorrir mas a rir,
De tanto que há para inventar.
Tu disseste a sorrir
Que eu era o mar,
E que hoje te afogavas
Na doce canção
Que nunca poderia cantar.
E rimos outra vez,
Porque o amor não é nada,
As máscaras são firmes
E tudo é representação...
Somos actores,
E ao fim de contas
No fim do dia
Levamos para casa o riso e o sorriso
E a falsa entoação
De um conto de fadas
Sedento de paixão...
Brindamos à nossa festa final,
Porque beber é tudo o que nos resta
Quando a festa é secreta.