Ela fugia. Eram súbitos ataques de raiva, era a voz que a enervava, o olhar que lhe batia, os passos do caminho que lhe faziam aumentar o nervosismo com o seu eco.
Corria pelas ruas, procurava abrigar-se no que os olhos lhe mostravam, no azedo das casas antigas, nas crianças que riam, corriam, gritavam, enquanto subiam uns degraus para entrar numa porta com uma chamada em cima "Escola".
E depois os cheiros, o cheiro a pão quente emanava nas ruas vindo das pastelarias, o cheiro doce e matinal das pessoas acabadas de tomar banho, perfume.
A voz, a voz atenciosa dos vendedores de jornais, a voz ainda meio adormecida dos adolescentes que entravam em carreira, conversando, nos autocarros.
Eram as vendedoras de peixe, carne, frutas e legumes que montavam as bancas logo pela manhã naquela praça antiga onde outrora se cruzaram guerras, eram os taxistas vindos do aeroporto levando os empresários para os melhores hotéis da cidade pelas estradas de pedra onde caminhara o guerreiro da cidade.
Era tudo tão perfeito quando ela fugia assim...
...de si.
les fleurs mortes.