Sozinha na praça
sozinha no mundo
todos vão embora
Vejo a brasa do cigarro
atiçada pela brisa
e lembro as fogueiras de minha infância
Tremo porque o vento outonal é frio
Tremo de tristeza
É o crepúsculo...
Os postes refletem no laguinho
os peixes tremulam a água
As pessoas atravessam a ponte
O vento dança meus cabelos
o salgueiro chora
e a vida continua
Cada ladrilho é uma pintura no chão
a relva ondula
os grilos grilam
o vento faz silêncio no meu peito
A família me espera
eu espero meu amor
eu já sinto saudades de meu pai
Eu choro manso e dolorosamente
Da série: Malditos Poemas de 1998