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VeRdAdE pUrA!

 

Em 1989 fui trabalhar para Lisboa, mais
concretamente para um Lar de Idosos, que fica
na rua Silva Carvalho em Campo de Ourique, mesmo
ao pé do jardim da Estrela. Estive lá desde Maio
até ao final desse ano. Esse ano fica marcado
por ter sido o ano em que eu assumi a minha
orientação sexual. Uma de entre as várias
colegas de trabalho, tornou-se diferente e
especial e tudo fazia para estar com ela. Ficava
triste com a sua ausencia e muito feliz ao pé
dela. Dessa vez resolvi de uma vez por todas que
ia assumir aquilo que era e pronto. Das outras
vezes dizia que «aquela mulher» era especial e
que sentia uma «amizade diferente» em relação às
outras pessoas e nomeadamente mulheres. Mas
afinal eu sempre estive apaixonada por aquelas
mulheres mas nem eu sabia no inicio e depois lá
me convenci aos 27 anos!

Quando saí do lar, no inicio de 1990, foi que
confessei tudo a essa colega e grande amiga.
Ela nunca me correspondeu, mas aceitou-me tal
como eu era. Só pensava nela e escrevia-lhe
cartas atrás de cartas. Depois também só sonhava
com ela quando dormia. Era quase dia sim, dia
sim. A dada altura comecei a escrever os ditos
sonhos num caderno, que agora folheei sem querer
e por isso estou a escrever este texto. E aqui
deixo um dos sonhos que vou transcrever na
integra e que sonhava quando estava na aldeia
em Trás-os-Montes:

«Ah, hoje [dia 4/2/92] foi lindo, lindo! Porque
nos amamos! Estavamos na berma da estrada aqui
perto de casa. A uma dada altura, não sei a que
propósito, cantei esta quadra do Fausto:

"Eu não quero o que tu queres,
folha seca cai ao chão...
Eu não quero o que tu queres
que eu sou de outra condição..."

Depois eu dei um salto para junto da minha amada
e desta vez cantei o Sérgio Godinho:

"Ai eu estive quase morto no deserto
e o Porto aqui tão perto..."

Havia ali mais pessoas, mas eu e a minha amada
andamos um bocadinho, abraçando-nos e
beijando-nos, mas muito discretamente.

Dali viemos para casa. Eu entrei e estava uma
grande confusão de gente. A minha amada não
entrou comigo e eu pensava que já a tinha
perdido, mas desci ao armazém e eis que ela lá
estava ansiosa. Corremos ao encontro uma da
outra, atiramo-nos ao chão e amamo-nos com
fúria e com um prazer indescritível. Foi aí
que acordei. Foi lindo, lindo...»

Acreditem ou não, este e mais sonhos, são
autênticos!

E então uma bela noite para todos e sonhos da
cor do amor!

«*+*» «*+*»
 
Autor
Mariaa
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Enviado por Tópico
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Publicado: 15/04/2011 00:25  Atualizado: 15/04/2011 00:25
Super Participativo
Usuário desde: 04/04/2011
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 Re: VeRdAdE pUrA!
Muito bonito…. A autenticidade transborda dos sonhos para a realidade…

Não deixe nunca de ser feliz …