Quando desci a rua
Vi Vila Franca acordar
Ficaram cravados no monte
Os meus olhos a rodar
Num véu de nuvens meninas
Sem o moinho avistar
Pois este monte tem olhos
Que passam a vida a estudar
Os lados todos da Vila
Os cavalos a galopar
Só ele é testemunha…
Do tempo que passa
Do seu calcanhar
Do canto dos pássaros
Do seu chilrear
Sente a água só de um rio
Que transborda com o seu olhar
Uma linha de comboio
Que estremece
Quando o comboio vai a passar
Este monte já foi gordo
Por tanto saber amar
Hoje é gordo porque não esquece
A lua no rio a espelhar
O sol na sua aurora
Os girassóis a girar
Não há outro como este rio
Nas lezírias a galgar
Na fome do homem do rio
Na vontade do pescar
Não há nada nesta terra
Não há nada neste lugar
Que o monte esqueça na era
Que o monte não queira sonhar
Cristina Pinheiro Moita /Mim/