Meticulosamente os olhos espreitam
Os lares dos miseráveis dos inocentes
Na metátese sonora do sistema
Pobres caem na vala comum
Do hospital e cemitério
E nem mesmo o Padre Eterno sabe quem é o dono da
Boca, dentes e dentadura...
E no pátio das ilusões e carnavais
Saboreiam patê e pataxós
Remisso é a honra
E cisticerco é a política
Faminta do planalto
Que morram as crianças, os velhos e a inocência
Na planície devastadora da incerteza
E só a morte é corriqueira
Na atalaia celestial
Peditório de um povo
Que só pensa em existir
Como oferendas para deuses pagãos e vãos
Que lêem só mãos
E nunca desfrutarão de Renoir, Keats ou Genet!
Multidão de encéfalos
Do cotidiano fundente
Que consomem lixo e gente.
Miguel Vieira
Desertos Íntimos
Não quero ver mais
Ninguém do meu Passado
colocar em sombras
Ás lembranças e, de sobra os amores...
Mas anseio pelos os ETs do meu Futuro!!!
Igual a sonho de criança
Com desejos de medos
Pois sei de minha mediocridade
E sua ausência...
Como encarar o ocaso?
Como ter coragem?
Dos dentes de sabre
Dos dias de chuva...
Ando sobre lâminas reluzentes
E tenebrosas
Ando sobre os abismos do coração
Choro nas noites
Nos dias planto flores
Tenho visões de felicidade
Meu peito é Atacama e estou sempre
Atado a sua cama...
Miguel Vieira