Caminho,
deambulando num labirinto que parece não ter fim, atrevo-me e sei que não sou mais a mesma, o tempo já vai a mais de meio e tudo o que não foi já não vai ser, avistei um lugar onde me posso aninhar no teu colo em segredo, agora as decisões são adiadas, como sempre foram, esta é a única coisa que não mudou, os passos mais distantes de tudo tornam-se pesados, incrédulos, sem medo ou receio continuam numa vontade simulada de desejo aparente de ser verdade, falo em vão já ninguém ouve, ninguém sequer vê, os olhares perdem-se agora entre umbigos de elites eleitas por sufrágio directo...
Serena questiono-me agora onde ecoam as vozes que me fazem sentido, onde se perdem os abraços que um dia achei serem meus, onde moram agora as emoções pintadas de mil cores em cada desencontro desenhado de encontro, prisioneira do sentir, amargo veneno que a vida impõe, experimento-me sentir e deixo-me perceber impassível, indiferente este existir esculpido num vazio que me protege de mim, o tempo inflige demorada a sua decisão de me ter aqui, insensatez a sua que só agrava a minha pena ...
A coragem não consiste na ausência de medo e ansiedade, mas na capacidade de prosseguir mesmo quando temeroso.
(Gary R. Collins)