Prosas Poéticas : 

Livro Azul

 
Consigo saborear aquele amargo tóxico da ponta da esferográfica nos meus lábios... Talvez uma estranha forma para conseguir sepultar as palavras, os sentimentos, os beijos, as lágrimas, os sorrisos, a minha boca, a minha pele, o meu sexo, neste meu Livro Azul.

Talvez assim fosse mais fácil, não ter que lidar com tudo no mesmo momento. Bastava abrir o livro, desfolhá-lo para cima de mim e sentir de novo o peso de tudo aquilo que tinha guardado.

Ao ouvir-te, consigo ouvi-lo. Consigo ouvir o meu violino, enterrado no meu corpo, rasgando notas para sair, partindo as cordas pelas paredes do meu útero, causando-me gemidos musicais, húmidos, orgásmicos.

Por vezes masturbo-me pelo meio da multidão, ninguém dá por nada. Escorrego a mão pelas calças e deslizo a mão pelo sexo. Penso em ti. Cerro os olhos e digo o teu nome. Nunca estás.

 
Autor
CláudiaFariaPereira
 
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