A presença impossível declarada na azáfama de um astro que sobe.
Um rio de saliva onde a fragata desliza breve,
um rio translúcido, límpido e transparente,
é tudo quanto visualizo desta janela sem asnas,
sem aros ou vidros,
pintada nas águas rectilíneas,
onde cortinas ineptas são tão somente resquícios de poros inúteis,
farrapos, a ocultar um tempo vago.
Desce o ocaso p’los beirais do dia.
Desce em pássaros de ternura no ventre do mês de Maio,
nas rosas de havermo-nos encontrado, Solidão.
No desalento, a lama goteja em lágrimas fluviais
sob um Sol sem brilho, sob um Sol aprisionado …
(tanto caminho e nenhum lado …)
E as nossas mãos,
as nossas mãos, amado, no vácuo acérrimo de um segundo,
se esgrimem em dedos voluptuosos de milenares carícias,
se tocam e se fermentam, levedadas,
conduzindo ventos, aragens e brisas,
para lá do corpo,
para aquém do porto,
e neste cais
neste cais de rio,
são agora palco
de estrelas
de Deuses mitigados em poeiras incandescentes.
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