E tu não entenderias
O que diz a minha boca,
O que murmura ou sofreja
Meu coração aflito.
Sou como o coração das madrugadas,
Sou como a flor do deserto
Que mesmo abandonada
Enfeita o caminho de quem passa.
Tu não suportarias a minha presença
E a minha mágoa,
Pois assim como a ave
Que busca no deserto a companhia perdida,
Busco o menor gesto,
A salvação da nau perdida.
Tu não suportarias o gemido
Que da minha alma escapa
Dentro da noite.
Sou como o disperso vulto;
O fantasmagórico som que restou
Do amor.
(Ednar Andrade).