Um dia disse que me deixava
Que não queria mais saber de mim
E fiquei eu a doer pois achava
Que tanta alegria não teria fim.
Entre campos de flores garridas
Cada uma no seu jeito de se perfumar
Não sei quais hão de ser minhas
Pois não tenho vontade de agarrar.
Prefiro sentar-me olhando o céu
Pensando em como viver a vida.
Desejando que a morte levantasse o véu
Para fazer esta lembrança, interrompida.
Não tomo, nem tenho atenção
E nada do que faço me é certo
Mesmo que o sorriso seja do coração
O momento nunca parece correcto.
Com certa vontade, mas medo
De entrar novamente em gostar
Temendo começar outro pesadelo
Indeciso em voltar a tentar
Palavras quentes de chama bruta
Que não quero deixar acender!
E a dor, com a alma luta
Que não quer deixar o calor morrer!
E, assim, me é a vida
Feita de tantos percalços
Com uma chama consumida
Com os pobres pés descalços.
Pisando toda, qualquer porcaria
Seja vidro silva ou cardo
Na esperança de, um dia
Encontrar um sapato.
Não, não quero tornar
A deixar-me ir em ondas loucas.
Não pretendo ainda amar...
E não tenho razões poucas!
Se em amar me aleijo
Ainda mais se firo quem amo
Para quê partilhar um beijo
Apenas por ser quem eu chamo?
Não, a mim não me apanham
Novamente no frio calor de amar.
Por quantas aos meus olhos venham
Não mais hei de me deixar agarrar.
Hei de ter apenas vontade de comer
E guardarei para mim a fome.
Será esta, estranha forma de viver,
De quem, amar, por querer, não pode?
Elas passam todas bonitas
Todas lindas e prendads
Mas já não me fazem louco
Pois o meu sentir é outro.
Tenha mais ou tenha menos
Venha eu por de onde vier
Se quiserem amores amenos...
Nem esses sei se quero viver.