Ainda percorro os planaltos da minha existência, sem encontrar um monte de verde que me acolha.
Corro entre as pedras que me gritam aos ouvidos: pára! Não te percas por aí!
Mas é tão doce este meu desejo de correr, a sofreguidão com que absorvo os olhares com que me cruzo, e é tão ávida esta minha vontade, que devoro o que me faz mal e fico saciada.
Procuro debaixo da laje onde soterrei a minha inocência, uma razão para a fúria que pauta esta querença, para onde foi todo o júbilo perdido que apenas em pequenos rasgos meu rosto visita?
Resta-me ser menina coberta de púbere manto, encobrindo a candura que me adoça o pensar, cair sem sequer tropeçar mas não esquecer os meus primórdios, nas planícies dos meus sorrisos, nos montes dos meus encantos.
RF