Se o silêncio profundo se avizinha, direi que não!
Se me crescem os cabelos, postos de luto
Numa horrível manhã,
Deixo-os crescer!
Quero que todos vejam o que escondo!
Quero que me abracem ao afirmar
Que me descobri!
Que me libertei do denso e amargo espelho
Que cuja dor em mim se implanta!
Se esses lábios, repletos de sangue azul
Me disserem para caminhar nas cinzas...
Eu caminharei nas chamas!
Se me mandarem correr descalço, no matagal
Irei sobre os espinhos!
Pois não me interessa se me odiaram por ser eu
Simplesmente chegou a hora
De libertar o que há
Dentro de mim...
Pedro Carregal