Que silêncio soturno me enlaça
A tristeza do meu ser
Acho minha imagem sem graça
Como poderia-te ter?
No silêncio profundo?
Onde estás, voz que ecoa?
Onde estás?
Porque foges de mim?
Silêncio é o que mais te peço
Nesta cruzada fora do medieval
As lágrimas escorrem no rosto
Morri por ti, mas não faz mal...
Vejo-te nas ruas desertas
Vejo-te sentado nesse silêncio
Vejo-te longe de mim
Como quero.
Vejo que este amor é só loucura!
Vejo histórias de amor
Onde não existem
Sou quem faz ilusões em realidade
Brinco, fazendo no ar
Castelos de areia!
Vivo num desejo de me matar!
Mas, ai, como eu posso,
Fugir de mim?
Se a minha voz, muda, é estridente
Rasgar esses olhos tão negros
Para poder ser outro eu!
Quem me dera saber nesse profundo
Se eu sou aquele que já morreu!
Quem me dera queimar em mim tudo
Morrer por ser eu
Contra a saudade!
Sinto o calor que abraçou
Nos momentos em que nada eu tive
Sinto as densas águas que me mataram
Mas que trouxeram meu corpo de volta
Quem me dera morrer sem esperanças
Quem me dera morrer agora mesmo
Tirar da minha mente a tua imagem
Pois sei que vou morrer de amor!
Quem me dera morrer com a tua imagem
E poder ver morrer outro amor...
Morrerei queimando esse sentimento
Com o meu, doce querido silêncio...
Pedro Carregal