Vivo.
Respiro deste ar impuro e cego-me da dor de viver.
Olho e não vejo nada a não ser aquilo que não quero ver.
Existo.
Neste tempo anacrónico com a minha existência.
Não sei a que lugar pertenço.
Não sei para onde vou nem porque vou.
Sinto.
Os sentidos adormecidos negam-me tudo.
Tudo me é negado e nada me é dado.
Nada tenho a não ser este fardo de existir.
Na margem de mim, de todos.
Assisto.
Adormeço e acordo num sonho que não é meu.
Não sou eu.
Noutro tempo ou noutra vida, não sei.
Incipit...