
O amor serve-se de escravo
Perante a mestria da paixão
Pois é tanto o desprezo e agrado
Que suma ao tentar da tua traição:
Teu toque, teu odor, teus olhos
Tua face, teus cabelos, teus seios
Paralela às minhas certezas
O prazer de devaneios
Olha-me novamente, deseja-me
Num apaixonar ardente
Que se consuma lentamente
Perante a vontade de te ter
Tua amizade é-me amor.
Mas não te importa? Ou importa?
Sendo amigas de anos de dor
Cedes à paixão que nem se esforça
Encantas-me perdidamente
A efémera ilusão
De que me amas realmente
Ao invés de prazer em vão
Petulância encanta
Um imaginado beijar
Como quando a sereia canta
E o timoneiro se sente desejar
Se cortejasse o meu desejo
Numa vontade de enaltecer
Resplandeceria no teu corpo
O luzir de um eterno amanhecer
Que procuras em mim, que não te garanta
quem te ama, quem te procura - ou não -
(por interesse?!) . Por falta de devoção!
Que procuras exaltar?
Mero ócio carnal
Ou vontade de amar?
Quanta dúvida se festeja
Quando a tua companhia se rende à solidão!
Enquanto pecas no ledo desejo da tua traição...