Rogo tua face no peito
Sem seus traços conhecer
Rasgo os olhos no leito
Para do teu sangue poder beber
Sofrimento rasga o vento
Esperando ser salvo
Rasga o tempo e um lamento
Sou só dele escravo
Ai, maldita
Hora essa
Maldito fado
Morrer sem ser amado
Morro para que padeça
A pessoa que me fita
Teus olhos longe estão dos meus
Sem virtude nem razão
Talvez se encontrem com os meus
Noutro dia de solidão
Mas o fogo que me deu vida
Matou-me o denso fado
De onde não há saída
Para sempre mal amado...
Pedro Carregal