não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu
[se afastou de mim intensamente]
– não minha amiga –
afastei-me apenas da claridade desnecessária. aquela que em vez de aclarar acaba por cegar com brilho o que não é brilho - o teu amigo contínua dentro das palavras. mesmo naquelas que por momentos te possam confundir com outro amigo qualquer que um dia partiu sem te dizer adeus - acredita que estou sempre aqui. sempre. e quando não estou a escrever estou deitado a descansar nas linhas em branco que deixo sempre entre o fim de uma história e o começo de outra – sempre te leio e sempre aprendo com tudo que tentas dizer. com viagens ao interior dos teus olhos que é o teu mundo – eu. eu sempre aqui. aqui sentado a ver-te pintar o mundo com palavras. com orações subordinadas ao teu universo que é tantas vezes meu também - eu sou eu. sou pouco mais do que nada. serei sempre este pequeno nada – tenho dias que apenas sou o que consigo ler de todos aqueles que com palavras me matam a dor de não saber escrever. nesses dias ainda sou mais teu amigo. estou mais aí. mais perto do que somos – afinal somos palavras