Hoje sai da minha cabeça e deixei a porta aberta para que o vento entrasse e arejasse os retratos das paredes, das gavetas, das folhas rasgadas pelo chão. Fui a cavalo no frio dos passos a arrastar a febre por uma corda. Era um barulho maluco atrás de mim com a boca à frente a respingar. Era uma poeira doida a invadir as formas das palavras, um expurgo vestido de amarelo hilário todo gago, em tremeliques de foge que te apanho. É sempre assim a espera da noite que bebo bem preta, e enquanto escorre eu rifo todos os burros lusitanos numa gargalhada a gritar aos quatro ventos: é por aqui, venha tudo, venham todos, dióspiros, pencas, alfaces, bananas o país inteiro vendido, tudo mole e carneirada S.A.R.L. Quando tudo estiver no buraco, melhora com pontapés no traseiro, penso eu, que bem pensado melhor seria não pensar em nada, que tudo junto é mais pagode que trabalheira. Não sei quanto tempo demora a febre a passar, talvez outros 48 segundos, que os primeiros não chegaram. Mas se tiver de botar, calço a bota de ninguém, na importância que tem.