Havia uma Rosa… despretenciosa que nunca a quis ser.
Uma terna anti-Rosa que o destinho, ou sei lá quem, a tornava a ser.
Rosa rubra brincalhona… alma pluma de criança – quem dera sempre a pudesse SER.
Ainda botãozinho em seu primeiro ninho… difícil crescer – Não!
Sempre havia uma mão tentando-a embrutecer… murchar… recolher.
Mão que nunca a cuidou sendo botão… nem Rosa… nem nada.
Despretensão da Rosa que gosta de sonhar…
Desproteção da mão que nasceu para a cuidar – Não!
Cresceu… sem a proteção da mão.
Havia apenas uma outra Rosa… já mais antiga que ela… pertinho da dor - Duas.
Tão frágil quanto a outra… todavia caule perto… consolador – Dor.
E a mão.
Que a Rosa alma pluma sonhou… e transformou-a em proteção – Mentira.
Que pretensão!
Des-pro-te-ção.
Sabem… aquela redoma de vidro... Ela também serve para proteger…
Quando assume o seu ato responsável de proteger. Sem sufocar - Amar.
Tempo… Sol… Chuva.
Água que lava a alma e brisa quente que aquece… igual colo de mãe.
Cresceu. Largou-se botão… Rosa Rubra ela era. Bonita.
Bonita… apenas um irrelevante detalhe para ela – Rosa – Chora.
Ainda a brincar de ser pluma… leve… despretenciosamente distraída.
- Ou seria distraída para sentir-se protegida? – Há alguém aí?
Deste anseio não posso comentar…Um segredo que guarda a Rosa.
Tornou-se intensa… e alguns a diziam até inconsequente… Imagina!
- Alguém conhece uma Rosa inconsequente?
Rosa é feita para doar-se… como presente ou sempre.
Intensa. Deste anseio posso eu falar. Posso e poderei… Sempre.
Rosa precipitação – Fuga da desproteção.
Rosa amor inteira – Em amor verdade… dois botões.
Rosa… tempo… Rosa…
Rosa a passar outonos – Sem paz.
Rosa provocando invernos no mundo – Apenas no seu – Quem importa-se?
Primavera.
Rosa encheu-se de vida!
Ergueu-se caule forte… e viu a luz – Sol!
Sol que brilha lindamente… muito. Sem tantos cuidados – Muito.
Rosa queima-se… perde-se… perde.
Rosa que não entende… Rosa que apenas sonha.
Rosa que quer redoma. Esta… que nunca vem.
Redoma que apenas brinca de ser… e apenas pousa.
E quando apercebe-se – a Rosa – Não é redoma. É borboleta.
Linda… encantadora… leve – Nunca fica - Finca.
Rosa que olha a pseudo redoma… sempre borboleta.
Que voa… a colorir os mundos – todos… com tons e cores de “Adeus-Rosa”.
Rosa a clamar que ela fique – Proteção – pseudo redoma – Borboleta.
Rosa crescida… doída… corrompida.
Rosa que sonha… E apenas… E ainda.
Sem redoma… sem pseudo redoma… sem borboleta.
Rosa… apenas uma mulher.
Karla Mello
Março/2001
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)