Anseios repetindo a vida quando
O verso sem sentido se transcende
O mundo na verdade não ascende
Ao todo que eu quisera bem mais brando,
E sei do meu caminho desabando
Enquanto o que pudera hoje recende
Ao mundo aonde o todo não depende
Do verso que tentara decifrando,
Não prezo qualquer erro, mas revejo
Tão somente as tramas do desejo
Mudando a direção do vento na alma,
Cerzindo ou mal tecendo este caminho
Ainda que pudesse mais mesquinho
Sequer uma esperança em vão me acalma.
Acalma-me saber do sonho exposto
No olhar mais delicado ou mesmo manso
De quem noutro caminho quando alcanço
Deixando o meu anseio decomposto,
Respiro com ternura e a contragosto
A velha solução dita o remanso
E nisto o que se fez enquanto avanço
Repara este tormento em duro encosto.
Refém do que deveras se fez tanto
O verso sem saber por que garanto
Do quanto se presume após o verso
Desnudo o meu momento mais feliz
E quando esta alegria não me quis
O sonho perde o rumo no universo.
Dos universos tantos que pudesse
Ainda ter no olhar e sendo assim
O tanto quanto existe dentro em mim
Marcasse com ternura a nossa prece,
O verso aonde o tanto se obedece
Vagando sem sentido até o fim,
Negando cada anseio diz que vim
Do tempo aonde em luz a vida tece,
O marco em tom suave e mais constante
Deveras novo rumo me garante,
Não mergulhasse em vão e sem proveito
Amante do vazio e do talvez
O mundo que deveras se desfez
Ainda mesmo assim o quero e aceito.
Aceites esta rosa ou este espinho
Não deixe para trás qualquer relance
E quanto mais a vida agora avance
Expresse o seu anseio mais mesquinho,
Não tendo outro cenário em descaminho
O vento sem proveito nos alcance
E quando na incerteza o que se lance
Apresentando o tom duro e daninho,
Restando qualquer tempo aonde um dia
Vivera o que deveras deveria
Tentando acreditar no que não veio,
Apenas se resume em verso e medo
A sorte aonde o mundo em paz concedo
Tentando divisar qualquer receio.