Sonetos : 

VAZIO

 
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Somente este vazio poderia
Trazer alguma chance de vingança
E quando com certeza o tempo avança
Já nada noutra face mais sombria
Expresse o quanto resta em fantasia
Errático cenário aonde lança
A vida com temor e sem fiança
Deixando para trás o quanto guia
O verso sem sentido em tal anseio
E o quanto na verdade não mais veio
Vestígios de uma luta sem sentido,
O canto em discordância a voz cruel
E o tanto que se fez em carrossel
Enquanto o meu receio dilapido.


2

Não tendo qualquer luz aonde as trevas
Deixasse alguma marca do que há tanto
Pudesse desenhar onde eu garanto
Somente com certeza teimas nevas
E sei das minhas ânsias mais longevas
E nelas o temor em desencanto
Marcando com ternura o que foi pranto
E nisto outros anseios tentas, cevas.
Resumos de momentos onde o fardo
Talvez já demonstrasse o que retardo
E tente novamente o que não vinha,
A luta se atravessa em descaminho
E busco com ternura o mesmo ninho
Aonde esta esperança em vão continha.

3

Não quero acreditar no que deveras
A vida desenhasse em tom sombrio
E quando o dia a dia eu desafio
Espero tão somente as mesmas feras
E quantas vezes sinto e destemperas
Marcando com terror o velho rio
E neste delirar não mais desfio
O tempo aonde se vibrassem vis quimeras,
Refém do quanto pude imaginar
Não tendo com certeza algum lugar
Sequer em meio ao farto pesadelo,
O manto que se possa ver de perto
Enquanto uma esperança eu já deserto
Contento-me somente por revê-lo.

4


No tempo sem ter tempo de tentar
Apenas algum porto em meio ao farto
Desejo aonde o quanto ora descarto
Não deixa que se veja enfim o mar,
Ainda que pudesse navegar
O marco se anuncia e não reparto
Sequer a sensação de dor e parto
Aonde a vida possa divagar,
Discernes entre enganos outros tais
E vejo os dias ermos e abissais
Jogado sobre as pedras entre as rocas,
E sei das minhas loucas ventanias
E quanto mais deveras tu querias
Os erros tão constantes já provocas.

5

Negar o quanto possa e com certeza
Ao ver a solidão já sem temor
O medo desenhara em desamor
A sorte contra toda a natureza
Do prazo aonde o tempo sem leveza
Desvenda com ternura e sem rancor
O mundo quando pôde em nova cor
Marcando cada passo sem surpresa
E presa do vazio aonde um dia
Ousasse desvendar a poesia
E nada mais teria senão isto,
Restando muito pouco ou quase nada
A luta noutra face desvendada
Explica em mansa voz por que desisto.


6

Bebesse qualquer sonho aonde nada
Expresse a solidão de quem já tenta
Vencer esta emoção mais violenta
Depois da sorte enfim já derrotada,
A luta noutro tom enunciada
A vida se aproxima da sangrenta
Vontade aonde o fim não apascenta
E gera com terror a velha estrada.
O marco sem sentido e sem caminho
Ainda que pudesse estar sozinho
Após o quanto tente em amargura
Ainda que decerto já tortura
Não cabe novo alento aonde trace
O verso sem sentido dita o rumo,
O mundo noutra sorte ora resumo
E mostro sem temor a velha face.

7

Marcantes emoções aonde o verso
Não traga com certeza novo encanto
E sei do quanto possa e não garanto
Sequer o que tentara em tom diverso
Seguindo em direção ao universo
Marcando com ternura o velho pranto
E nada se mostrara sempre enquanto
O tanto que se visse mais disperso,
No prazo aonde o fim se determina
O quanto se mostrara em cristalina
Vontade nada trama o que talvez
Ainda este cenário trama o fim
Aonde o que pudera vejo em mim
E nisto outro momento tu não vês.

8

Mantendo o quanto possa e não mais sinto
O marco sem sentido aonde vejo
O tanto quanto quero e não prevejo
Deixando o meu caminho agora extinto,
O ledo desejar implica instinto
Diverso do que possa em benfazejo
E nada mais pudera em azulejo
Senão a noite feita enquanto minto.
E trama com certeza o dia a dia
A vida aonde o tempo não viria,
E sigo o quanto trama e não viera
Deixando para trás o que não sabes
Bem antes que decerto ora desabes
E sei o mundo atroz em tal quimera.


9

Apresentando a vida em tom suave
Prefaciando o sonho que inda venha
A sorte no final não mais desenha
O rumo enquanto o fim não mais agrave,
Desvendo o que se faz e sei da trave
E nela o quanto possa ronda e tenha
Somente esta incerteza em tosca senha
Na sanha mais audaz libertando ave
Que possa ser um símbolo de quem
Ousando quando a noite ainda vem
Tentando acreditar na imensidão
Do mar que se apresente e nada tema
Rompendo com certeza alguma algema
Vagando nesta imensa migração.

10

Prossigo o meu caminho mesmo quando
Imaginasse apenas o final
Do tanto que se molde em ritual
Por vezes noutro passo se moldando
Excêntrica loucura nos tomando
E vejo o mesmo medo em tom igual
Ao quanto poderia ser banal
E nisto vejo o dia bem mais brando,
Restando da esperança o quanto veio
Somente o caminhar se faz alheio
Ao tanto sem sentido e sem promessa
A luta se anuncia quando anseio
O rústico cenário em devaneio
E a velha história enfim já recomeça.

11


A pútrida expressão de medo e morte
Rondando em tez brumosa a noite vaga
E quando a solidão invade a plaga
O nada nos degrade e desconforte
Ainda cada engodo se comporte
E gere a imensidão enquanto alaga
De tétrica expressão a velha draga
Deixando sem sentido cada corte,
Não pude e nem teria aonde um dia
A sorte de tal forma mudaria
O rumo dos meus ventos e esperanças
E quando em tal carcaça se expusera
A solidão augúrio em tal quimera
Apenas ao vazio ora me lanças.

12


Da rosa que esperava apenas resta
Espinho quando vejo inutilmente
O tanto quanto a vida se apresente
Na face mais atroz, leda e funesta
Ainda quando a vida não se empresta
Ao tanto que deseja e novamente
Pousando neste caos imprevidente
O verso se arrastando tudo empesta.
A sórdida ilusão já não me cabe
E sei do quanto a vida ora desabe
Sem ter sequer o tempo mais feliz,
E vendo o que se fez ingratidão
Os olhos na verdade me trarão
Aquém do quanto sonho e outrora quis.

13


Amargas a verdade enquanto sonhas
E vestes o que tanto me enganara
E nada se aproxima em tal seara
Aonde vejo luzes tão medonhas.
E sei desta incerteza sem que ponhas
Os olhos onde a sorte não mostrara
Sequer a mesma noite outrora clara
Que agora traz paisagens enfadonhas.
Escuto do passado a voz altiva
E quanto mais a vida ora nos priva
Expressa sem destino o prazo audaz,
E sendo de tal forma o que inda trame
A luta se mostrara em vão ditame
E nada do que possa a vida traz.

14

Jamais acreditei ou poderia
Trazer em meu olhar outra saída
Não fosse a própria sorte a despedida
Da luta mais atroz e mais sombria,
Não tento caminhar onde teria
O medo como fonte e não provida
História aonde em nada se duvida
Sequer a mesma face em agonia,
Resulto de um insulto ou mesmo até
Da ausência mais completa, crença e fé
Gerado pelo ocaso antes do início,
E bebo dos meus erros costumeiros
Tentando acreditar em meus canteiros
Cevados no beiral de um precipício.


15

Marcar com emoções que não se vêm
Tampouco o meu desejo fosse assim,
Promessa mais precoce de algum fim
E tendo neste olhar quase ninguém
Das ânsias e desejos sigo aquém
E bebo o meu momento de onde eu vim
Galgando o quanto possa dentro em mim
Até chegar aos antros que convêm
Ao velho lutador já tão cansado,
O corpo pelo tempo embolorado
Neste engelhado sonho morto há tanto,
Não vejo mais sequer uma esperança
Aonde o caminhar ao vão me lança
Traçando com terror o desencanto.


16


Batendo na janela a solidão
Depois de tantos sonhos, nada disto
Pudesse traduzir e sei que insisto
Ousando noutros dias que trarão
Apenas meu olhar em emoção
E quando da alegria ora me disto,
Ainda quando penso ser e existo,
Desisto dos anseios, solidão.
Negar o meu momento mais feliz
Seguindo da maneira como quis
Após cada vagar em noite fria,
Efêmera ilusão não me traria
Deixando tão somente a cicatriz
E nisto a luz jamais se expressaria.

17


Marcantes emoções em vida aonde
O tanto se transforma em quase nada
Porquanto se acredita na alvorada
O sonho que no ocaso corresponde,
Ainda quando o verso em vão responde
A luta sem desejo anunciada
E tanto se perdera quando evada
Meu tempo do cenário onde se esconde.
Restauro passo a passo meu caminho
E sigo sem saber quanto é mesquinho
O verso sem proveito em noite rude,
Depois de alimentar esta vontade,
Os olhos embotados de saudade
Expressam o que apenas desilude.

18


No tempo feito em rude sensação
Errático momento diz da sorte
Que sem saber sequer o quanto corte
No fundo traz no olhar a negação,
E sei das dores tantas da emoção
E sem sentir decerto o que conforte,
Apenas novo rumo em ledo aporte
Os dias com certeza não verão,
Apresentar o caos e ser assim
Iniciando o sonho traço o fim
Vivendo o tanto ou pouco que ora vejo,
Depositando a sorte em frágil luz
Ao menos ao não ser já me conduz
O torpe desenhar de algum desejo.

19

Bebendo desta noite enluarada
Há tanto que pensei noutro momento
E quando deste nada eu me alimento
Não resta após a queda quase nada,
Somente a sorte rude e que embotada
Não deixa-se sentir sequer o vento
E neste caminhar cada tormento
Trará a sorte exposta e degradada.
Não vejo dos meus sonhos o sinal
Ainda permitindo outro bornal
Aonde colha estrelas e delírios,
Ainda que se vejam novos dias,
No todo cada anseio que trarias
Moldasse tão somente estes martírios.

20


Na senda mais audaz em noite imensa
O tanto sem proveito nos acolhe
E quanto mais a vida se recolhe
A luta noutro lado ora compensa.
A vida se apresenta e sendo densa,
O verso demonstrando enquanto colhe
As flores do passado e o sonho encolhe
Navego pela noite dura e tensa,
Jamais imaginara poder ter
Aquém do quanto um dia pude ver
Seguindo esta inconstância feita em verso,
Meu tempo sem ter tempo de buscar
Ao menos onde possa descansar
Galgando este submundo em universo.


21

Não mais me conteria frente ao vão
Nem mesmo implodiria esta esperança
Que tanto quanto possa ainda avança
Embora já sem nexo ou direção,
Aonde se fez perda da adição
Outrora desejada, frágil lança
E tento novamente uma mudança
Sabendo ser igual esta estação,
Não vejo e não pudera ser diverso
O tanto se desenha a cada verso
Traçando o fim do sonho meramente,
E quando alguma luz já se pressente,
O tempo sem ter tempo se perdesse
E nada do que tente, merecesse.

22

Mereço tão somente estar sozinho
Embora dolorosa esta verdade
No fundo é o quanto resta e se degrade
Não deixo de buscar além o espinho,
No canto aonde o verso se fez ninho
No encanto sem saber da claridade,
Ousando contra a imensa tempestade
O meu sonhar se faz ora mesquinho.
Negar qualquer caminho e não poder
Ainda ter no olhar o perceber
Disperso entre os anseios e delírios,
Apenas sigo a velha procissão
Deixando para trás o sonho em vão
Tentando acreditar em ledos círios.

23


Iluminando a vida de quem ama
A sorte mais sutil recolhe e soma,
No fim de cada instante já me doma
E nada do que fora agora é chama,
Visão audaciosa se reclama
Do tanto quanto possa e a vida toma,
Deixando ao caminheiro em leve coma
Apenas o cenário feito em drama,
Respondo sem respaldo algum, mas tento
Ainda quando veja em sofrimento
Agônica presença do passado,
O verso noutro tom elaborado
Meu tempo sem ter tempo de sentir
O quanto sem saída inda há de vir.


24


Não mais me caberia acreditar
Nos olhos desta imensa lua e creio
Ainda que cultive em meu receio
Os brilhos derramados sobre o mar,
No tempo sem ter tempo de sonhar,
O verso se transforma em mero meio
E quanto mais deveras eu anseio
Não pude novo canto desenhar,
E meramente exposto ao que se fez
Além de todo sonho e lucidez
Vagasse sobre as rocas e tempestas,
Sem ter sequer o brilho que procuro,
Embora o céu se veja mais escuro
A lua invade mansa em meras frestas.

25


Românticos caminhos do lirismo
Levando tão somente ao fim de tudo
E quando no final eu sei me iludo,
Ainda que se tente além eu cismo,
E vejo com meus olhos este abismo
E nele sem proveito me transmudo
Deixando o coração calado e mudo,
Espero tão somente o cataclismo,
E bebo cada gole do que um dia
Pudesse ser além do que veria
Um átimo e meu mundo se perdendo,
Do tanto que se fez imenso e claro,
O amor que tão somente ora declaro
Não passa na verdade de um remendo.

26


Verdades sem apoio e sem escoras
E nelas outras vãs e imaginárias
As somas se perdendo mesmo em várias
Vontades onde o tanto não ancoras,
Depois destes momentos, duras horas
As lutas que seriam solidárias
Desnudam tais imagens temerárias
E os olhos noutro cais já desancoras,
Restando muito pouco do que há tanto
Pudesse traduzir o que garanto
Sem ter qualquer noção do que viria.
Resgato dos meus erros outros tais
E vejo apenas erros terminais
Tornando sem proveito a poesia.

27

Não quero e nem pudera ser perfeito
Apenas ter nas mãos outro momento
E quando na verdade tanto tento
A solução decerto eu não aceito,
E vivo cada noite em duro leito
Restauro do meu sonho algum alento
E tanto quanto possa o sentimento,
O vento toma o todo onde me deito,
Não passo de talvez um mero inseto
E quando do vazio eu me repleto
Anseio pela morte e nada além,
O tempo se anuncia de tal forma
Enquanto a própria vida nos deforma
Apenas sofrimento ao longe vem.


28


Não meço mais palavras quando digo
Do tempo que dorido nos domina,
A luta se mostrando cristalina
A cada nova curva outro perigo,
O vento se traduz em desabrigo
O marco se perdendo aonde a mina
Deveras que julgara e me fascina
Transforma o que em verdade já nem ligo,
Efervescência dita o dia a dia
E nisto o quanto possa a poesia
Gerando o tempo após o que se quer,
No olhar mais delicado de quem ama,
A sorte tantas vezes mata a chama
E deixa por sinal esta mulher.

29

Estando de campana a vida inteira
Tentando pelo menos ter nas mãos
Além dos dias duros turvos vãos
A sorte que pudera derradeira,
E quando no vazio o sonho esgueira
Ousando nas angústias dos cristãos
Os tempos sobre o solo ditam grãos,
E nisto o que se veja enfim inteira
Não tento acreditar no que não há
E sei do meu anseio desde já
Matando com ternura o fim do caso,
E tanto quanto pude ser assim
O mundo em reboliço dentro em mim
Ainda dita a sorte onde me atraso.

30

Não tento contra a fúria em vendaval
Já não me caberia outra saída
Senão acreditar na despedida
E sei deste caminho menos mal,
O rumo se ansiando por igual
A luta sem apoio e desprovida
Do tanto que pudera em nossa vida
Vencer outro momento irracional,
Esqueço dos meus dias e procuro
Ainda que se veja árido e duro
O solo aonde cevo esta esperança
Renasço a cada morte e sigo em paz
Enquanto uma alegria agora jaz
E apenas o temor ainda avança.



31

Já não me valeria acreditar
Nas tantas heresias feitas sonho
E quando novo tempo eu te proponho
Ainda busco o tanto a se moldar,
Não vejo qualquer sombra nem lugar
Do olhar por vezes duro e até medonho
No ocaso aonde o tanto te proponho
Pudesse noutro passo desejar,
O verso sem remédio e o tempo rude
Ainda que deveras tudo mude
Iluda quem se fez em tal razão
O vento nos açoda e nos procura
Depois da noite amarga e sempre escura
Trazendo ao fim de tudo esta emoção.

32


Quisera pelo menos um momento
Aonde o quanto reste nos ajude
A ser o que decerto ainda mude
Deixando para trás o sofrimento
E quando alguma luz invento e tento
Depois do quanto a vida se amiúde
Sem ter no meu olhar a juventude
Ainda me sonhara mais atento.
Respiro o que se faz felicidade
E o verso noutro tom agora invade
Na desvalida angústia que porfia
A sorte sem saber da fantasia
E o medo gera apenas tempestade
Aonde se pensava em alegria.

33


Escutaria a voz de quem tentasse
Depois de tanto tempo dar as mãos
E ter entre momentos quietos, vãos
O mundo sem temer qualquer impasse
E sendo assim o quanto demonstrasse
Tramando a cada instante que os irmãos
Cevassem com cuidados tantos grãos
E nisto o meu caminho desenhasse,
Não tento acreditar no que não veio
E sei do meu andar em devaneio
Vacante coração de um sonhador,
Procuro pelos ermos do que um dia
Noutro cenário apenas me traria
Um mundo mais suave em franco amor.

34


Não tento caminhar contra esta fúria
Do vento que avassala este caminho
E embora seja apenas mais mesquinho
Resumo o dia a dia em farta incúria,
Não pude desenhar em tanta injúria
Somente o meu anseio e se me alinho
Aos tantos que procurem novo ninho,
A vida não traria tal penúria,
Esqueço e não prossigo após o fato
E quando tão somente o que constato
Retrata a luta inútil vida afora,
O tempo de viver já se perdendo
O manto que me cobre em tal remendo
Apenas na verdade mal decora.

35


Exalas a presença de quem tinge
O céu em tantas cores e prometes
Os dias onde tanto me arremetes
E geras noutro ocaso nova esfinge,

E sei do quanto possa e sempre finge
Embora trace em rumos e me metes
Nos planos entre foices canivetes
E nada do que possa agora atinge.

Restauro dos meus erros novos tais
E vejo que em verdade quando trais
Trazendo em teu olhar esta vacância,

E bebo cada gole sem saber
Do quanto poderia parecer
A vida se tornando em vaga estância.

36


No tanto quanto tenho e tento após
Sentir a noite atroz que nos condena,
A vida se anuncia em leda cena
E nisto vejo a face mais feroz
Do tempo sem saber sequer da voz
E tanto quanto quis a vida amena
Ao menos a verdade se fez plena
Planando sobre o mar em leda foz,
Representando os deltas da saudade
Espero cada passo onde degrade
O vento mais audaz e mais cruel,
Não pude imaginar novo cenário
E sei do meu caminho temerário
Distante do que fora apenas véu.


37

Represas a esperança aonde há tanto
O verso se fez tolo ou poderia
Ousar em noite frágil, mas vazia
Tentando o que deveras mal garanto,
Espero a solução e se me espanto
O vento noutro passo levaria
A sórdida presença da agonia
E nisto se espalhando o fútil pranto,
Esbarro nos enganos de quem sabe
Que todo o caminhar já não lhe cabe
E sente a profusão em erros tais,
E sigo sem sentir nova saída
Apenas desenhando em minha vida
Os ermos e doridos funerais.


38

Repare cada luz que não viria
E volte a acreditar no tom sem nexo
Da vida que pudera em tom perplexo
Traçar qualquer lugar em fantasia,
E nada do que reste moldaria
Sequer no quanto possa mais complexo
Tramar desta ilusão algum reflexo
Tornando mais suave o dia a dia,
Adio cada plano e sei do quanto
Meu mundo noutro passo desencanto
E invento alguma luz após o cais,
Já não me caberia acreditar
Sequer no quanto pude desenhar
Após os dias vagos e banais.


39

Semeio esta loucura e bebo o vento
E quando no final esteja aquém
Do quanto na verdade ora não vem,
Embora permaneça mais atento,
Redondamente vejo o sofrimento
Ingênuo caminheiro sem ninguém
Das margens do passado o quanto tem
Expressa o quanto quero ou mesmo tento,
Não vejo qualquer luz aonde um dia
Vivesse com ternura a poesia
Ou mesmo poderia ser diverso,
Sentindo tal poder que não mais veio
Apenas vejo olhar em devaneio
E creio ser possível novo verso.

40


Restando da esperança algum sinal
Aonde o que se fez mais inclemente
Trouxesse o tanto quanto ora se sente
Em erro muitas vezes sempre igual,
O vértice gerando apenas mal,
O corte atropelando inteiramente
Deixando para trás a velha mente
Remete ao que se quis tão magistral,
Não tendo outro momento senão este
O quanto no vazio me envolveste
Reveste o dia a dia em tons sutis
E sei do tanto ou mais que se fizera
Deixando para trás esta quimera
E nela o que este mundo não mais quis.


41

Já não me caberia outro cenário
E sei do quanto a vida se prepara
Deixando aonde quis a sorte clara
Apenas este vago temerário
E sei do quanto possa imaginário
Vencer a solidão que se escancara
E cada novo dia não notara
O tempo noutro instante, este corsário,
Expresso com meu verso o que não veio
E sinto tantas vezes mais alheio
O rumo se perdendo em noite rude,
Amar e ter no olhar a imensidão
E nela novos dias mostrarão
O tanto que desejo e mais não pude.


42


Presumo alguma sorte onde não possa
Traçar outro momento ou mesmo ainda
A luta que deveras se deslinda
Deixando esta expressão atroz e grossa,
No verso aonde o nada agora apossa
Do tempo enquanto o verso ora se finda,
A vida se anuncia e se bem vinda
A sorte poderia ser mais nossa,
Expresso com talvez rude palavra
O quanto na verdade o tempo lavra
Evito acreditar no que não sinto,
E sei do marco atroz onde a promessa
Sem ter seque valor hoje tropeça
Deixando o sonho morto, alheio e extinto.

43


Não tento apresentar além do ocaso
Que tantas vezes sinto em minha sorte
Qual fosse uma expressão que desconforte
E gere aonde o tempo em vão atraso,
E sei do caminhar em tal descaso
Nadando contra a fúria deste norte
E sinto da esperança o ledo porte,
No verso que se fez em mero acaso,
Respiro e neste fato satisfaço
O tempo sem anseio onde o cansaço
Não mais me desenhasse algum alento,
Depositando o sonho em louca estância
A luta se desenha em tal distância
E nela o que aproxima é sofrimento.

44


Não tento acreditar no que se faz
Apenas por fazer e nada mais
Os dias entranhando vendavais
E o olhar se mostra mesmo este incapaz
De tanto quanto a vida já não traz
Sequer o que pudera sem jamais
Tramar outros momentos onde iguais
Meus olhos não veriam mais a paz,
Respiro e de tal fato sigo após
O quanto na verdade molde a voz
Do insano desenhar em noite escusa,
Estrofe após estrofe tento apenas
Vencer o quanto negas e condenas,
Enquanto a solidão enfim se abusa.


45


Perceba o que esta vida nos prepara
E saiba desta saga sem sentido
E vejo o meu caminho resumido
À dura sensação atroz e amara,
Do tempo aonde o nada se compara
Ao tanto que pudera e quando olvido
Marcando com terror o descumprido
Cenário aonde o tanto nos separa,
A luta se adivinha após o porto
E sei do meu anseio e quase morto
Aborto os meus momentos mais felizes,
E quando alguma luz surgindo além
Expresse o que deveras sempre vem
No fato mais atroz me contradizes.

46

Levado pelo encanto destas ondas
Aonde o mar se fez imenso e belo
O tanto que deveras eu revelo
Traduz a solidão por onde escondas
As tramas mais diversas e respondas
Enquanto o meu anseio em ti atrelo,
O sonho quando em sonho imenso selo
O verso não traduz o quanto sondas,
Apenas outro passo para o nada
Seara tantas vezes desejada
Na sanha de quem tenta acreditar
Nas tramas mais audazes da esperança,
Embora na verdade já se cansa
Quem tente noutro rumo se enfronhar.

47


As transações diversas onde um dia
Puído coração já não se faz
Ainda deste sonho mais capaz
Pousando aonde nada eu sinto havia,
O verso sem razão não me traria
Sequer o caminhar mesmo tenaz
E tanto quanto busco em nós a paz
O mundo na verdade não viria,
E sigo o prazo e sei que na incerteza
A sorte se desenha sobre a mesa
Deixando para trás qualquer anseio,
Depois de tanto tempo sem proveito
O quanto deste encanto não aceito
Expressa a solidão por outro meio.

48


Viver e acreditar no que se trace
Deixando para trás rastros e medos
Ainda quando vejo os vãos segredos
O tempo novamente em paz repasse

O mundo sem sentido em desenlace
Diverso do que tanto quis em ledos
Momentos produzindo desenredos
E neles outros tantos desenhasse,
Respiro um ar imundo solidão
E sei dos meus anseios que trarão
Somente a mesma queda após o fato
Enquanto no meu canto sem valia
Ainda se tentasse o quanto havia
E sei que no final eu mal constato.


49


Não vejo o quanto pude ter no olhar
Sem nada que impedisse o caminheiro
De crer ser mais possível o luzeiro
Trazendo para os olhos verde mar
O nada sem saber onde ancorar
O barco se mostrando por inteiro
E quando no final o derradeiro
Momento nega o tanto a se mostrar,
Já não mais ousaria na promessa
De quem tanto querendo já tropeça
E peça tão somente o que se faz,
Ansiosamente eu vejo o meu momento
E nele o quanto busco ou mesmo tento
Pudesse ser deveras mais audaz.

50

Na viperina sorte que nos toca
A luta não se faz em claridade,
O verso quando muito nos degrade
E o mar derrama a morte em cada roca,
O vento para o qual tudo desloca
Marcando com terror e tempestade
A cada novo olhar temeridade
Expressa o tanto quanto a vida entoca,
Restando muito pouco ou mesmo nada,
A luta sem sentido desenhada
Enfrenta o que se fez em noite escura,
Depois de tanto tempo solitário
O quanto se quisera solidário
Agora nem a sorte em vão procura.
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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