Hoje, decidi partilhar aqui uma carta que escrevi no alto dos meus 16 anos.
É endereçada a ninguém, mas na altura, lá eu andava apaixonada.
Escrevo-te hoje de novo, mais uma carta fantasma, a ninguém entregue.
É só para dizer que te amo. Ou talvez não...
Sou ingénua, inocente, inexperiente. Sou adolescente, mais vale dizer. Mas do alto da minha adolescência, escrevo, sem endereço. Sim, esta carta é-te dirigida. Numa impossibilidade, digo que te amo. E odeio amar-te. É doloroso, cansativo, penoso.
É destroçador amar-te e não me amares.
Tento ser racional, e pensar com o cérebro e não com o coração (que afinal é um órgão, e não pensa!). Mas talvez a parte racional de mim (ou o que sobra dela) me diga que te amo e para te amar.
Quantas palavras que penso são tuas e para ti! São como um som que sempre esteve adormecido em mim. É como descobrir a vida outra vez. Acordar após ter passado sabe-se lá quantas vidas adormecida. Lembrar-me de ti, é como ouvir uma melodia e recordá-la vezes e vezes sem conta. Sem nunca esquecer uma nota ou tempo. E como sou cobarde, cobarde demais para to dizer cara a cara, escrevo, sem a intenção ou coragem de alguma vez te dar este pedaço de papel a ler. Um pedaço de papel inútil e sem valor.
Sei que daqui a muitos anos, se olhar para esta carta, a ninguém escrita (a ninguém e a ti), vou rir-me, por achar que te amava.
Ou então, talvez ainda possa olhar-te nos olhos e dizer: "Olha, escrevi-te esta carta quando ainda era miúda".
Talvez ainda possa dizer que te amo, e que esta carta é apenas mais uma forma de to mostrar.
E agora, que penso nisso, AMAR-TE, é indescritível.
E tenho só a dizer, que ainda posso olhar o amor da minha vida nos olhos, e dizer-lhe que o amo.
A poesia é a alma, a alma, somos nós, por conseguinte, nós somos poesia...