Clarificar é retirar verdade ao corpo,à mente.
tudo é confuso.tudo se cruza dentro de nós.
não há ordem total ,nem há claridade absoluta;
o que há : sombras -clarões.
Desenho um caminho lógico
com pedrinhas brancas e negras
ao longo do passeio
e sinto paz ao percorrê-lo com olhos e pés.
A mente caminha ,amparada pela segurança do desenho consentido, com sentido.
fecho os olhos e procuro a total escuridão.
Tudo em mim pede descanso total.
descansamos em ideais
como quem se deita num banco de jardim .
perfeito na sua aparência,mas duro,na sua verdade.
Amanhã ,digo entredentes sem som algum
para não me pronunciar louca.
amanhã.sempre amanhã.
não suportamos o tanto do agora que nunca é tudo
e que às vezes até parece que nos esvazia
sem nos dar nunca a paz do nada.
nunca o tudo.o tudo é um caos.
o agora é demais.
Amanhã sempre.tudo,mas não tudo
sem o vermos desenhado numa escolha parcial.
a que entendemos.
nunca esse tudo escuro desconhecido que somos.
Gostamos do sempre,
do nunca.
Procuramos a totalidade nos conceitos.
na beleza que idealizamos.na sua inteireza.
Nós,em fragmentos.
Nós, em fusão contínua.
Nós, em pedaços.
Quando me beijas sinto-me inteira.
Nunca o sou.
Mas quero,sempre.
Nunca,sempre.
agora.amanhã.
Olhamos o céu e queremos azul.
total.
Essa cor tão bonita,ideal.
Nós, incolores no que somos.
Nós, organizados em semáforos,arcos-íris,
Verdes de esperança.
Nós,vermelhos de sangue
transparentes no sentir.
Nós ,negros.
Nós brancos da paz que queremos.
nos bancos de jardim confortáveis que imaginamos.
Nós, seres.na aparência do concreto.nós organizadores do caos.
Nós,semi-caóticos.
Nós,semi-deuses na vontade.
Nós,perdidos,achados.
nunca encontrados.
Nós,seres sem saber ser
em paz
humanos.
sempre.
cruz mendes