CAPT V
Desde que a casa fora destruída pela explosão do prédio ao lado, Mílton passou a morar numa pensão. Mas com o tempo, Taís o chamou para morar em sua casa, afinal já iriam casar mesmo...
Levou todas as suas coisas para lá.
Em 2011, Henrique não sabia o que tinha acontecido ao certo, pois se estava vivo, era porque seu pai no passado, ainda estava também!
Ele sentiu uma sensação de alivio, ao lembrar disso...
Mas, queria entrar em contato com ele mesmo que fosse apenas mais uma vez. Pediu a ajuda de Cirilo, que sugeriu o seguinte:
_ Rick, você tem aqui uma escrivaninha que pertenceu ao seu pai. Faça uma carta, deixe dentro de uma das gavetas e ele poderá encontrá-la cedo ou tarde, pela conexão: A escrivaninha está aqui e no passado também!
_ Como não pensei nisso? Você é um gênio, Cirilo!
_ Nem tanto, apenas me esforço para entender a metafísica da vida, do tempo, blá, blá, blá...
Rick deixou que ele falasse, mas já estava de posse de caneta e papel. Faria de próprio punho, a carta, nada de computador, queria que seu pai ficasse com a lembrança da letra dele...
" Rio de Janeiro, hoje, 29 de dezembro de 2011 "
Pai:
Queria te rever, mas não consigo mais, as transmissões de sua tv cessaram...
Meu amigo Cirilo sugeriu essa carta que agora lhe faço, com saudade...
A essas alturas, Geisa já está morta, correto?
E pelas minhas contas, já deve ter conhecido minha mãe, Taís.
Vocês vão casar em janeiro, eu sei, é o que a certidão aqui diz... Vi o álbum de família várias vezes também.
Olha pai, entre as fotos achei várias de Geisa, quando era bem jovem, acho até que era adolescente ainda, estava grávida!
Mas se você nunca conheceu a criança, onde estará?
A foto foi tirada numa fazenda, em algum interior desses...
Repare pai, na semelhança entre D. Geisa e minha mãe, Taís... Percebeu isso? Envio a foto que me referi, para que faça a comparação dentro desse mesmo envelope.
Investigue pai, pode ser que haja algum segredo...
Deixo aqui meu abraço apertado de filho, cuide bem da minha mãe, e não esqueça de me contar tudo isso de novo, quando eu já estiver com meus 4 para 5 anos...
A propósito: Vou nascer em 24 de abril de 1985.
Se um dia ler mesmo essa carta, fique na certeza de que nunca o esqueci.
Do seu filho:
Henrique S. Esteves
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FINAL
Curiosamente, a carta desapareceu depois de 2 horas que Rick havia colocado na gaveta da escrivaninha...
FICOU SATISFEITO AO CONSTATAR ISSO, PORQUE CERTAMENTE CHEGARA AO SEU DESTINO: O PASSADO!
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D. Miriam estava limpando o apartamento como de costume quando o celular de Rick tocou, ela ficou na dúvida se atendia, resolveu entregar diretamente a ele. Entrou apressada pelo quarto adentro e disse:
_ Toma, Rick que esse celular não para de tocar, já está dando nos meus nervos! Ele pegou e viu o numero: Era sua mãe, Taís.
_ Alo, mãe? O que foi, você quase não liga para o meu celular.
_ Meu filho, é urgente... Estou passando muito mal, venha logo para me levar para uma clínica...
_ Já estou chegando, aguenta aí, mãe!
Ele saiu do jeito que estava vestido: Apenas de camiseta, short e chinelos.
Pegou o carro e enquanto dirigia, outra coisa acontecia...
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Em dezembro de 1981, Taís abria a porta do quarto para limpar o recinto, passou a mão pela escrivaninha, viu a quantidade de pó, foi então buscar uma flanela e óleo de peroba para limpar...
Abriu as gavetas para passar internamente também, foi quando encontrou a carta escrita por Henrique.
Ela começou a ler pela curiosidade, quando enfim entendeu o teor de tudo, olhou a foto e percebeu que tudo ae encaixava!
Concluiu sem pensar muito, que era irmã mais velha de Mílton! Ela sabia que ele era mais novo que ela 5 anos...
Aos poucos foi tomada de intensa dor no peito.
A cabeça latejou, e de um minuto para o outro, tudo escureceu..
Em 2011, Rick desaparecia.
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Cirilo chegou em casa, e procurando D. Míriam perguntou:
_ E aí, minha 'secretária do lar', tá tudo certinho por aqui?
_ Tá, Cirilo. Olha meu rapaz, tá na hora de você começar a dividir esse apartamento com alguém, aquele quarto vazio me dá nos nervos...
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Nada que um dia pertenceu à família Esteves, existia mais...Nem a lembrança.
FIM
FÁTIMA ABREU