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Fundos

 
A rua era o ponto de passagem para a outra margem. Era na rua que se encontrava a sua sede de ser gente e ver gente e de se tornar ainda mais gente. Caminhava só com o olhar posto num céu sem cor, bastavam-lhe uns olhos; ora em tom verde, ora em tom azul transparentes como se de dentro deles se pudesse ver o mundo. Este, era para ele a única via possível de se encontrar num fundo inexistente mas que sabia que existia, por tão verdade ser a fundura dos seus olhos verdes cor de esmeralda. Assim os vi com o meu olhar, baço como ele o vê por tão verdade ser a minha visão sobre a que fez outrora de um mundo que o acolheu sem cair na desgraça de se perder no castanho escuro que lhes toma a forma. Sei-o neste canto onde mora a minha sede de o beber a cada minuto, de o ter a cada segundo, na minha boca, no meu corpo enquanto vida a pulsar-lhe nos braços. Sei-o porque quero sabê-lo perto, da minha alma, e da verdade enigmática do meu jeito enquanto passagem para uma real certeza de que há um fundo invisível no meu imaginário e ele um fundo com certezas de novas conquistas enchendo um vazio para lá de um céu sem cor.

 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/03/2011 21:07  Atualizado: 14/03/2011 21:07
 Re: Fundos
Um momento captado pela inspiracao da poetisa e refinadamente bordado num poema! Parabens, Dolores! Um abraco!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/03/2011 21:15  Atualizado: 14/03/2011 21:15
 Re: Fundos
Existem fundos que mudam com as tonalidades do dia. Há que aprecia-los a cada momento. Os momentos são capitados pelo órgão vital como a objectiva treinada de uma qualquer camera. Aproveita todos os tons luminosos e esquece a opacidade.

Muito Bom como é teu apanágio.

Beijo azul