Vida solta aos ventos dos tempos,
Que sopram sempre ao sabor do destino,
Seja ele qual for, seja ele ditado pelo acaso,
Sem leme, nem velas, domado pelo desinteresse.
Vida vagando ao vento e os sonhos também,
Dias que passam, simplesmente passam pardos,
Ideais amornados apenas pelo dia que se faz,
Como se fez o ontem, como se faz os tempos.
Árvore solitária em meio ao matagal,
Alheia aos cantos e às cores que a rodeia,
Mesmo os ventos que a sopram, só sopram,
Não a fazem sentir nem o frescor, nem os aromas.
Vida de quem vive por viver - coração vazio,
Sem com quem dividir, preocupar ou se dar,
Sem agrados para fazer a quem quer que seja,
Nem ninguém para lhe agradar ou partilhar.
Vida vazia de quem não resguarda paixão,
De quem tem a solidão por companhia e gosta,
De quem não vive os dias, apenas o seu passar,
De quem o acaso é destino e o futuro vago, nu.
Saga de um viver sem paixão nem companhia,
Nem das memórias que lhe sejam suficientes,
Que lhe digam do bem viver, mesmo de outrora,
Apontando um recomeço, que o instigue a recomeçar.