Hoje, deparei-me perdido, qual desatino que vem,
Em inutil forma de aspiração, moldurar o sentimento,
E lançar-me sem aviso o coração aos pés de alguém...
É tão frágil o amor, como doce aroma nas asas do vento!
Entorpecem os sentidos, não por pretensão ou desdém,
Mas quiçá por falha nos motivos que coloquem em movimento
O carrossel das utopias... Acato apenas desenganos, ninguém;
Me vê como me vejo, alado a mim e debruçado no desalento...
Incoerências... Se tua imagem bela me espevita o pensar!
Reveste-me em sonhos com asas de anjo impenetráveis,
Não me deixando padecer, é tão bom assim sonhar...
Mas quando acordo todas as minhas leis são violáveis,
Entraves exercidos ao anseio, não me consentem ao certo enxergar,
E quanto mais te vejo, mais os teus dilemas jazem indecifráveis.
Paulo Alves